quinta-feira, 9 de junho de 2011

Expavi:"O Hip Hop está Vivo " , 2º parte

 Continuação da entrevista concedida, pelo rapper sanvicentino, Expavi, ao Nani Com "I". Esse rapper que tem dado cartas como sendo um dos melhores de Cabo Verde. Tanto pelas letras como a forma de cantar que tem maravilhado muitos e que o levou ao primeiro lugar do concurso Vis a Vis CAbo Verde.


Quando falas em mudar mentalidade o que queres dizer. E como o hip hop pode fazer isso?
Esta música tem poder e se tens consciência ele pode mudar-te sim. Como disse é forma de luta, tentamos lyricalmente mostrar que o hip hop tem uma visão prática. Por exemplo aqui em Chã de Alecrim como as pessoas vêem o Hip hop Art. Vejo os respeitos que nos dão. E através das nossas ideias que mostramos porque as pessoas estão a ver e você sabe logo que a está música pode ter uma grande mudança. Estão sempre a ouvir as nossas músicas e nos pedem para que explicamos o conteúdo delas. É toda a hora a musica chega neles e os transforma e há um respeito de tudo que falamos para as pessoas e vai mudando a mentalidade e muda totalmente, mesmo totalmente. Eu digo a sério vi pessoas mudadas só por causa de uma musica.
HIP HOP sempre tentou ocupar um espaço. Não era tão bem aceito mas já goza de uma certa aceitação. Já conseguiram o espaço que pretendem?
Estamos numa luta para ganhar nosso espaço. Estive na praia e muitas pessoas foram me ver e disseram-me “em São Vicente o hip hop está com um espaço mais do que a Praia”, mas em São Vicente dizemos que Praia está melhor. Vou lá e vejo e sabes onde está a diferença? Porque aqui Senzala está aberto, não porque estou aqui mas porque Senzala está aberto! Vi que eles têm problemas em beat, o problema é que tem só dinheiro. Nos aqui não temos dinheiro mas temos consciência e vontade. Na Praia, eles tem dinheiro mas não são unidos, estão divididos cada um no seu lado. Estas a ver? Maioria dos grupos vem para senzala e convivem uns com os outros que é uma forma de consciencializar e evitar algumas cenas e temos que ir mudando. É o que falta na Praia devem fazer um bom proveito do capital que tem lá que e é o que nos falta aqui.
Em que ponto os programas da rádio tem ajuda a cultura hip hop e fazer para a aceitação e um “escoamento” dos novos MC´s?
Fazem sim um bom trabalho. Três quartos, existe, planeta rap. As pessoas sabem que o planeta rap fez um bom trabalho. Dj Letra está a fazer um bom trabalho tem outro programa que também está a fazer um bom trabalho, ritmos e poesias. Tem agora um novo programa na RCV+ que aos poucos vai ganhando o seu espaço.
O hip hop muitas tem sido muitas vezes conectado a violência. Qual é a relação que tem estes dois?
Ok, vou dar o nome as coisa. Violência seu nome é violência. Agora como toda a cultura tem o seu lado positivo e negativo. É como dizer todos os homens são iguais, ou, todas as mulheres são iguais. Você vai querer que eu apanho aquela mulher mais podre ou aquela mais sábia e disser que é como você? Não! Nessa história cada um tem a sua forma de ver as coisas, mas se você veio me disser que hip hop é violência, tem um problema dentro dele. Tem pessoas que leva o hip hop para este lado ou que entre no hip hop para ser violento. Desde o inicio o hip hop a sua luta é para o black people( raça negra) reivindicar os seus direitos todos os outros  problemas  e está que é a mensagem. Tem outros que usa essa forma para fashion, gangs mas não é assim.
As pessoas falam no  underground  onde reside a essência critica da cultua e o comercial onde as pessoas fazem para ganhar fama. Existe diferença entre estas modalidades?
Existe diferença sim. Mas eu coloco o comercial, o undergreound e coloco o consciente no meio. Como um MC consciente você pode fazer o underground ou o comercial, como dizem porque eu não vejo nenhum comercial neste meio, ou seja nos todos somos underground e nem estamos dando conta. KRS – ONE que todos nos conhecemos, ele é comercial, e é meu rapper preferido e todas as pessoas no mundo o conhece, mas, o mundo não nos conhece, aqui está a diferença. É uma falta de entendimento do pessoal em termos do underground e do comercial. Acho que deve mudar e que é comercial são as falas banais e muitas deviam ser evitadas em certas músicas para não parecer comercial. Como as pessoas estão a falar mas não é comercial porque não se ganha com isto. Certo dia chegou um grupo e disseram “Expavi viemos gravar uma musica”. Tudo bem abri o microfone, e gravaram uma música que falava de dinheiro, mas, na hora de pagar não tinham dinheiro. Aquilo é o quê? Cobro mil escudos por cada faixa para ajudar o pessoal, e depois você fala que tem dinheiro para isso e para aquilo e na hora de pagar você não tem. Aquele não é rap consciente que disse que coloco no meio. Rap consciente já tem outra visão. Mesmo que queres fazer comercial em Cabo Verde não tem espaço.
Onde é que pretendem chegar com está cultura?
Falta algumas coisas para completar e sabes que esta cultura é censurada principalmente quando trazes a verdade. Eu sou uma prova disso e não são todos os que já passaram por isto.
Já foste censurado de alguma?
Posso levantar uma questão. Qual é o MC que já ligaram para o seu telefone e disseram-lhe para ter cuidado com o que está a falar? Qual é o MC que já enviou vídeo para a televisão e não passaram porque era muito violento, mas eu não falo nada obsceno, só falo coisas verdadeiras e eu sofro por isto. Então onde está o erro? O que eu vejo é um sistema de manipulação. Aqueles que vem sempre trazer a verdade ou dizer alguma coisa que desperta e abre os olhos, tem sempre a tendência de censurar e não dão chance são o que eu sinto. O hip hop esta ganhando o seu espaço, estamos a tentar com muito esforço, estamos tentar mas vamos chegar lá.

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